Entidade cobra compromisso público de candidatos em defesa de políticas públicas para a saúde da população negra de João Pessoa
ONG quer aproveitar período de eleições para dar mais visibilidade aos pessoenses com falciforme
A Associação Paraibana de Pessoas com Doença Falciforme (ASPPAH) está coletando assinaturas de candidatas e candidatos a cargos eletivos em João Pessoa visando assegurar compromisso público, caso sejam eleitas e eleitos, para que façam novas proposições e defendam políticas públicas já existentes, destinadas à Saúde Coletiva da população negra, afrodescendente, com especial atenção às pessoas com doença falciforme.
“Queremos assegurar que os eleitos firmem compromisso com a promoção de equidade na Saúde Pública, a partir de iniciativas da nossa entidade, como, por exemplo, o aprimoramento de programas de Atenção Integral à Saúde de Pessoas com Doença Falciforme no âmbito municipal”, diz o pedagogo Zuma Nunes, coordenador da ASPPAH.
Outra demanda diz respeito ao monitoramento permanente de nascidos vivos com a doença falciforme na cidade de João Pessoa, que hoje possui, aproximadamente, 500 crianças vivendo com esse tipo de hemoglobinopatia, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. “Tem muita criança que nasce em João Pessoa, mas não mora aqui. Recebe o diagnóstico da doença falciforme, mas o município aonde vive não oferece acompanhamento nem tratamentos, então acabam voltando para se tratar aqui na Capital. Tudo isso impacta nos serviços de Saúde de João Pessoa, que precisam estar sempre prontos para receber esses pacientes”, acrescenta Nunes.
A iniciativa da ASPPAH também tem a ver com a busca por alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS’s). “Nós focamos sempre no Objetivo sobre saúde, que aborda os riscos que meninas e meninos enfrentam ao longo do seu ciclo de vida. A ideia principal é evitar a mortalidade na infância que pode ser causada por doenças não-transmissíveis, a exemplo da falciforme”, detalha o ativista.
“Essas candidaturas precisam ter um olhar mais aguçado sobre os determinantes sociais, entendendo a necessidade de fortalecer os sistemas públicos de Saúde e as redes de seguridade social. E todo esse cuidado precisa dialogar com os fatores que afetam a saúde dos mais desfavorecidos”, diz Zuma.
O documento prevê também que as candidatas eleitas e os candidatos eleitos fomentem capacitação e atualização permanente dos profissionais de Saúde para doença falciforme e outros agravos da população negra pessoense. “Apoio social para as famílias que têm pessoas , especialmente aquelas com algum grau de vulnerabilidade socioeconômica, é outra vertente importante nesse tipo de política pública a partir dos municípios”, acrescenta o coordenador. A associação reivindica ainda garantia e ampliação da oferta de leitos hospitalares para pessoas com doença falciforme, incluindo UTI’s. “Não há em João Pessoa um único hospital de referência para pessoas adultas com essa doença”, lembra.
As emendas parlamentares para aquisição de equipamentos e insumos na Rede Pública de Saúde de João Pessoa, para os serviços de referência, Hemocentro e outros serviços públicos de Saúde que atendam pessoas com doença falciforme residentes em João Pessoa, também fazem parte da carta, assim como o apoio dos mandatos e da edilidade para fortalecimento institucional e projetos sociais de entidades civis (ONG’s) que atuam nessa temática. O documento destaca ainda as atividades e deliberações do Conselho Municipal de Saúde, notadamente ao que se referir à população negra e pessoas com a doença falciforme.
RACISMO INSTITUCIONAL
“Esses compromissos devem ser firmados no sentido de que todas e todos se engajem no combate ao racismo institucional, a partir do fato de que a população negra (pardos e pretos) paraibana, segundo mais recente levantamento do IBGE, se compõe de 3.974.687 de habitantes, sendo que destes, 35,72% (1.419.778) se declararam brancos; 7,96% (316.572) pretos; 55,54% (2.207.880) pardos; 0,12% (4.912) amarelos; e 0,75% (30.140) indígenas”, relata Zuma.
Os dados do IBGE apontam que entre 2010 e 2022, a população preta teve crescimento de 48,6% e a população parda aumentou em 11,1%. Somando os dois grupos, o crescimento populacional dos negros na Paraíba chegou a quase 50% na última década. A ASPPAH ressalta que quase 90% das pessoas com doença falciforme são negras, com grande percentual em situação de vulnerabilidade social e subempregadas. As famílias atingidas pela doença são, majoritariamente, comandadas por mulheres negras e mães solo.
O QUE É DOENÇA FALCIFORME*
A doença falciforme é uma condição genética e hereditária que afeta os glóbulos vermelhos do sangue. Ela é causada por uma mutação no gene que produz a hemoglobina, resultando em uma forma anormal chamada hemoglobina S (HbS). Em pessoas com doença falciforme, os glóbulos vermelhos, que normalmente são redondos, assumem uma forma de foice ou meia-lua. Essa alteração dificulta a passagem dos glóbulos pelos vasos sanguíneos mais finos, prejudicando a circulação do sangue e a oxigenação dos tecidos.
Os sintomas mais comuns incluem anemia crônica, dores nas articulações e nos ossos, icterícia (pele e olhos amarelados), infecções frequentes e inchaço nas mãos e pés. A doença pode levar a complicações graves, como acidente vascular cerebral (AVC) e síndrome torácica aguda. O diagnóstico é geralmente feito através do teste do pezinho em recém-nascidos, mas também pode ser confirmado em qualquer idade por meio de exames de sangue específicos, como a eletroforese de hemoglobina.
*com parte das informações obtidas por IA (conversa com Copilot) em 06/09/2024