A Universidade pública em tese deveria ser um espaço acessível à população, mas na prática sabemos que não é a realidade. Com a grande distância social e econômica existente no país com uma história profundamente excludente, as universidades públicas contêm uma grande quantidade de pessoas de classe sociais elitizadas ou de classe média, com 1,30 % de alunos negros (afro descendentes) 0,48 % de indígenas, no caso aqui a USP ( dados da própria USP).
Mesmo com a prática das cotas a disparidade ainda é muito latente. Um abismo social. O discurso de meritocracia soa muito bem aos ouvidos, mas como ter meritocracia em um sistema social absurdamente desigual ? Com uma história tendenciosa e excludente ? Aos arredores da Universidade de São Paulo (USP) existe uma comunidade ( favela) chamada de São Remo e entre a USP e a favela existe um muro gigantesco, (conhecido como o Muro da Vergonha) e uma guarita minúscula onde circulam estudantes e moradores, e claramente podemos distinguir entre os estudantes e moradores desde as cores as classes sociais. A guarida cercada de grades, mais parecendo uma prisão. Ou seja, muros e grades para proteger a universidade do povo? Para deixar claro o lugar de cada um ?
Alguns estudantes mais esclarecidos também questionam o muro , as grades e a exclusão social. Tempos atrás junto a alguns moradores fizeram grafites, tentando dar ao muro um aspecto menos carcerário e intimidador. Muitos moradores se sentem mal e diminuídos por tudo isso. O morador Horácio da Silva, 51 anos, pedreiro, relata que : “ sempre se sentiu discriminado com a presença do muro e das grades” A moradora Josélia de Freitas, 25 anos, costureira, fica envergonha e não sabe explicar aos filhos quando perguntam sobre o muro; “Meus filhos às vezes perguntam e eu não sei o que dizer, fico bastante envergonhada” e assim caminhamos em um mundo dos avessos onde os ricos dominam as universidades públicas e os pobres fazem universidades particulares baratas. Em um abismo de cores e classes sociais. Como diria a frase :”Onde não existe acesso à cultura a violência vira espetáculo”.
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Alex Baseia é estagiário de Jornalismo