CONHECIMENTO

Para ser esquecido

por DALMO OLIVEIRA

Imagem do Palácio do Planalto depois do ataque | Foto: Cadu Gomes/Vice-Presidência da República

Guardada alguma proporcionalidade, o 8 de janeiro no Brasil passou a ser o 11 de setembro para a população estadunidense. Mas, com uma brutal diferença: o ataque lá teria vindo de estrangeiros. Aqui, um bando de celerados, que se auto-intitularam de “patriotas”, colocou fogo (literalmente) na Capital Federal.

Aqui, sem vítimas fatais, a não ser o patrimônio histórico de alguns palácios da República. A vergonha alheia da bestialidade ignóbil daqueles que não têm noção de civilidade. A crueza de jagunços a capangas pagos por setores ainda mais retrógrados do que os facínoras depredadores.

Um evento para ser apagado da memória coletiva nacional. Um 7 de setembro às avessas! Não apenas pela destruição raivosa do patrimônio NOSSO. Mas por sua intencionalidade. Pelo grau de criminalidade de seus planejadores e financiadores. Da Classe Média idiotizada que comprou passagens de última hora para levar o filho, quase aborrecente, para participar de um ato de vandalismo aos céus abertos.

Dos milicos coniventes e omissos, que bancaram o assalto, assistindo tudo de camarote. Servidores públicos, pagos com nossos impostos, agindo contra o patrimônio e a Memória do Povo Brasileiro. 8 de janeiro é vexatório, triste e preocupante. Terrorismo estético. Uma minoria ridícula querendo inibir a vontade popular da maioria.

Um ano depois, nem todas as prisões determinadas pelo STF, os indiciamentos e ampla exposição midiática são capazes de diminuir nossa angústia coletiva. De como o Brasil pode ainda ser uma nação com uma carga atávica tão miserável. Espera-se, ao menos, que o ato do desespero da seita bolsonarista, registrado fartamente por câmeras de segurança, sirva para entendermos o valor das garantias mínimas que o Estado de Direito nos proporciona.

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Dalmo Oliveira

Dalmo Oliveira é jornalista profissional desde 1991. Foi repórter em O Norte e no jornal A União. É apresentador do radiofônico ALÔ COMUNIDADE, na Rádio Tabajara AM. É também assessor de Comunicação e servidor público desde 1994.

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